A Educação à Distância (EAD)
é caracterizada pela separação física entre
professores e alunos, pela utilização de alguma tecnologia
para a mediação dos recursos didáticos e por características
próprias do processo de ensino e aprendizagem. Apesar de já
ser aplicada há muito tempo, a EAD ganhou, a partir da última
década, novos enfoques com as possibilidades da utilização
da Internet. No entanto, a aceitação da EAD, especialmente
no Brasil, tem encontrado enormes barreiras para a sua efetivação,
como um certo preconceito e a baixa credibilidade quanto à qualidade
dos cursos oferecidos.
Freqüentemente a EAD tem sido considerada por muitos
como uma maneira de se conseguir uma educação econômica,
industrial e de massa, especialmente pela crença na possibilidade
de que poucos professores possam atender a um grande número de
alunos distantes fisicamente. As experiências mostram que a realidade
não é bem essa. Não é verdade que os custos
sejam menores e nem que a prática da EAD requeira menos trabalho
por parte do professor. Por outro lado, o mito de que a EAD é
uma educação de qualidade inferior pode ser refutado com
diversos exemplos de resultados compatíveis com a da educação
presencial. Dos professores, a EAD exige novas práticas pedagógicas
e, dos estudantes, a EAD exige maior autonomia e responsabilidade sobre
a sua própria formação. Neste sentido, o sucesso
da EAD envolve ter estudantes cada vez mais auto-dirigidos e professores
cada vez mais participantes e capazes de aproveitar ao máximo
as novas tecnologias disponíveis.
Acreditamos que a utilização do potencial
das novas tecnologias da informação e comunicação
possa amenizar algumas barreiras da EAD como o isolamento e a conseqüente
falta de motivação que costuma levar à evasão
dos alunos. Porém, para que isso aconteça são necessários
investimentos, especialmente na formação dos professores
e na infra-estrutura de suporte. Mesmo para professores com larga experiência
em ensino é preciso aprender a fazer a EAD, pois, ensinar e aprender
à distância, não é o mesmo que ensinar e
aprender presencialmente. Não basta ao professor adquirir as
habilidades operacionais para a utilização da Internet
e nem tão pouco transpor suas experiências da educação
presencial para o espaço virtual. A EAD requer diferentes habilidades
para a apresentação, o planejamento, o preparo de material,
o desenvolvimento de atividades e a avaliação. Em especial,
é necessário dominar o ambiente ou o sistema de comunicação
utilizado para desenvolver projetos de EAD, de acordo com os princípios
educacionais previamente definidos.
Vários graus de separação física
entre estudantes e professores podem ser pensados na EAD, variando de
um espectro de soluções semi-presenciais até totalmente
à distância. A utilização dos recursos computacionais
em rede no meio acadêmico ocorre em níveis diferenciados,
indo da simples apresentação do programa de um curso à
formação de comunidades virtuais de aprendizagem. Cada
iniciativa nessa direção representa passos significativos
e o professor poderá despertar para novas formas e possibilidades
oferecidas em outros níveis de utilização. Para
alcançar níveis mais elevados de eficiência e eficácia
da EAD são fundamentais a troca de experiência e a busca
de novas formas de aprendizagem, a partir do interesse e das necessidades
de cada grupo.
Diante do exposto, verificamos a necessidade de investir
na formação dos professores interessados em ampliar o
uso dos recursos tecnológicos em suas aulas e participar efetivamente
dos projetos de EAD. Apesar de alguma descontinuidade, a UFMG tem, há
algum tempo, investido neste sentido. A oportunidade aberta com as políticas
do MEC, que procuram fomentar a EAD, e a legislação atual
que já permite que 20% de um curso de graduação
possa ser ofertado na modalidade a distância, pode ajudar a colocar
a UFMG na direção da implantação efetiva
da EAD.
Neste sentido, foi proposta a criação
de um Ambiente Cooperativo de Educação a Distância
na UFMG (EAD-AC). Este ambiente auxiliará a integração
de diversos setores existentes como o de Assessoria em EAD, para acompanhamento
e avaliação de projetos nessa área, o LCC, que
garantirá a infra-estrutura tecnológica necessária,
e a consolidação de um Grupo de Interesse em EAD, envolvendo
professores e técnicos para estudar a viabilidade e o potencial
da EAD, de acordo com a realidade da UFMG.
Além de promover, de forma colaborativa, seminários,
oficinas, videoconferências e tutoria, a proposta do grupo inclui
a sistematização de reuniões, pautada nos interesses
e necessidades dos participantes que estejam atuando ou pretendem atuar
nesta área. O objetivo é apresentar os elementos necessários
para que o professor possa identificar o nível de utilização
da EAD em que se encontra ou o que pretende atingir, verificando as
questões pedagógicas, tecnológicas, gerenciais
e referentes ao conteúdo a ser desenvolvido no processo de educativo
para atingir níveis mais elevados de EAD na UFMG.
Visando iniciar as atividades do Grupo de Interesse
em EAD, será realizado o primeiro seminário previsto para
o dia 04 de julho de 2005, de 14 horas às 17 horas no auditório
Luiz Pompeu de Campos na Faculdade de Educação da UFMG,
a fim de promover o debate sobre as seguintes questões, entre
outras: