Demência artificial |
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Depois de anos acreditando que as máquinas poderiam pensar, os
cientistas finalmente abandonaram a idéia. E agora? |
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1.0 Cientistas da computação, com mais de 40 anos de idade,
foram atraídos para essa área por causa da promessa da Inteligência Artificial.
Este é um fato inédito: os pioneiros na revolução da computação e das
comunicações, cujas biografias descrevem toda uma infância de leitura de ficção
científica, que começaram a escrever código nos anos 60 gostavam de
computadores, porque acreditavam que computadores digitais de alta velocidade,
programados com regras e fatos, poderiam simular a inteligência humana.
1.01 Porque estavam
eles tão encantados? Oh, quem poderia saber? Mas o sonho de criar máquinas
inteligentes está ligado a profundos anseios atávicos - o desejo de se
apropriar dos poderes criativos de Deus, o desejo de entender a própria
consciência - e isso tem uma longa história. A tradição cabalística dos judeus
fala de um Rabino que construiu o golem, um homem
artificial, feito de lama. O matemático vitoriano Charles Babbage, projetou um "Mecanismo analítico", que ele imaginou
poder aprender a escrever sonetos e sonatas. Em 1950, quando os computadores
não eram mais do que dispositivos de manipulação de símbolos, o matemático
britânico Alan Turing publicou "Máquinas e Inteligências de
Computação", onde perguntava: "As máquinas podem pensar?" - e
respondia que sim.
2.0 Acompanhando
Turing, entusiastas da computação como o Prêmio Nobel, Herbert Simon,
economista (que faleceu em fevereiro passado), disseram que quaisquer
atividades humanas como a fala ou a visão, poderiam ser reduzidas a uma série
de instruções que poderiam ser programadas em um computador. À
medida em que mais áreas do conhecimento eram conquistadas, pensava-se
que as áreas iriam se sobrepor e quando suficientes campos de atividade fossem
descritos digitalmente, era de se supor que os computadores iriam pensar.
2.01 Será que os
cientistas da computação acreditavam que esses dispositivos iriam realmente ter
consciência? Eles provocaram um forte desdém pela questão: os computadores
poderiam parecer inteligentes, o que é tudo o que (diziam eles) alguém pode
dizer sobre qualquer pessoa.
2.1 À medida que os
computadores cresciam em potência e velocidade, o novo campo da inteligência
artificial (I.A) se expandia rapidamente. Pelos anos
70, ali já havia programas de PhD.,
comunidades profissionais e homens famosos. Um deles, Marvin Minsky, presidente de departamento de I. A. do
mit, expressou a disposição geral dos cientistas da computação, ao declarar,
em 1967 que - "dentro de uma geração, a questão da criação da inteligência
artificial será substancialmente resolvida."
2.2 Por um tempo, as coisas iam bem: os cientistas da
computação escreveram programas promissores, que permitiam que os computadores
se comunicassem num inglês simples, porém natural.
3.0 Então, tudo ficou
mal. Após 50 anos de esforços, as pesquisas baseadas na noção de que os seres
humanos produzem inteligência usando fatos e regras, chegou a um impasse e não
havia razão para pensar que um computador, usando tais regras, pudesse vir a
ser construído. Hoje em dia, os computadores não efetuam tarefas inteligentes
que as crianças mais novas concluem com facilidade. No jargão acadêmico, I. A.
é "um projeto de pesquisa em declínio". Em 2001, não se encontra hal, o computador de 2001: Uma Odisséia no Espaço em lugar
nenhum.
4.0 O que houve de
errado? Não se tem certeza, mas talvez os humanos não usem regras para pensar.
4.1 Mesmo no jogo de
xadrez, uma área da máquina de inteligência que tem gozado de algum sucesso,
onde é possível criar-se um programa baseado em regras, capaz de derrotar a Kasparov, os humanos parecem aprender
as regras do jogo e até superá-las. Um grande mestre não concebe um jogo
vencedor, a partir de seu conhecimento sobre como os bispos e as torres
se movimentam. Em vez disso, ele intui os melhores movimentos, pelo
reconhecimento, como que de um padrão, das diferentes conseqüências que os
movimentos poderiam trazer.
4.2 O processo parece
ser de alguma forma irracional, ou pelo menos não baseado no processamento dos
dados, de acordo com as regras. Um pouco disso parece acontecer também, quando
os poetas dizem que seus versos são inspirados, ou quando os matemáticos nos
dizem que sabiam que a solução estava correta, antes de entender a sua
comprovação.
4.3 A Inteligência
Artificial também propõe uma teoria da inteligência que ignora o fato de que
possuímos corpos, uma vez que os computadores até o momento não têm nenhum. Por
corpos, pretende-se dizer não apenas braços e pernas, mas a maneira como
pensamos com nossos olhos e ouvidos, e como aprendemos a ser
inteligentes como bebês, utilizando os nossos corpos. Talvez a
inteligência, como a entendemos, não possa existir sem os corpos.
5.0 Muito embora a
I.A. tradicional tenha sido abandonada, a rede de conexão neural tem mostrado
que os computadores podem aprender. Essa rede neural, que
explodiu como uma bomba nas ciências da computação nos anos 80,
esquiva-se das regras como um todo. Ela não armazena casos gerais; em vez
disso, há uma "rede de percepção multi-camadas"
(em outras palavras, um sistema massivo paralelo, que pode,
como o cérebro humano, descrever vários níveis de informação
simultaneamente), respondendo a novas situações, por métodos que são
extrapolações apropriadas das respostas que foram anteriormente aprendidas.
Essas redes autodidatas têm sido usadas pelo exército americano para o
reconhecimento de tanques numa floresta, pelas companhias de cartão de crédito
para detecção de fraudes e pelos bancos para montagem de um gerenciamento de
relações com os clientes (CRM), um software que antecipa os desejos individuais
dos clientes. O software é real e comercial.
5.1 As redes neurais
realizam esses aplicativos muito mais rápida, precisa
e tranqüilamente do que os humanos poderiam fazer. Mas pelo fato de elas não
possuírem nenhuma regra, não se pode dizer que elas entendam alguma coisa. Elas
não possuem senso comum. Até agora (e a tecnologia detém a capacidade de
surpreender), a inteligência das máquinas provou ser completamente diferente da
inteligência humana. É rápida, poderosa, infalível e
superficial. A inteligência humana parece ser o contrário.
6.0 Além disso, existe um meio mais fácil e mais antigo de
reproduzir a inteligência humana: o sexo.