Ação do Conceito

    Como podemos reproduzir a forma de pensar humana, nas máquinas? 

    Máquinas que utilizam Inteligência artificial usam lógicas sofisticadas, e são capazes de decidir, usando um número grande de fatos e axiomas, que são armazenados no computador na forma de uma base de conhecimentos. Exemplo: um sistema inteligente capaz de diagnosticar doenças no sangue, chamado sistema especialista (ou sistema expert), armazena centenas de fatos do tipo: "o eritrócito é uma célula sangüínea", "hemácia é sinônimo de eritrócito", "um eritrócito não tem núcleo", e assim por diante. Esses fatos são representados internamente no computador, de forma que permita preservar suas relações semânticas (de significado). Assim, por exemplo, se o sistema necessitar saber se hemácia tem núcleo, embora essa relação não esteja preservada diretamente na base de conhecimento, o programa será capaz de deduzi-la de forma autônoma, aplicando procedimentos lógicos do tipo SE A ENTÃO B (se a hemácia é o eritrócito e se o eritrócito não tem núcleo, então a hemácia não tem núcleo). Em lógica, isso se chama "modus ponens", que é uma operação mental que usamos muito em nosso dia a dia.

    Já um axioma é um conjunto de asserções, que se forem verdadeiras, levam a uma determinada conclusão. No mundo da IA, isso recebe o nome de "regra de produção". Um exemplo, ainda na área médica: "se o nível de hemoglobina é baixo, se o volume citoplasmático é baixo, e se o conteúdo de hemoglobina por hemácia é baixo e se o número de células brancas é normal, então o diagnóstico provável é anemia ferropriva microcítica". Sistemas como esse, contendo milhares de fatos e axiomas sobre um determinado domínio do conhecimento, têm um desempenho surpreendentemente alto, chegando a se equiparar a especialistas humanos, em capacidade de resolução de problemas.

    Cabe aqui uma pergunta: É possível modelar o funcionamento do cérebro de forma que o computador possa criar coisas novas, assim como os seres humanos? Segundo o filósofo e biólogo Leo Szilard, o processo criativo envolve muito mais do que o pensamento lógico e a capacidade analítica, envolve também a intuição. A intuição pode ser definida como um misterioso mecanismo através do qual chegamos à solução de um problema sem raciocinarmos. Segundo Szilard, "O cientista criador tem muito em comum com o artista e o poeta. O pensamento lógico e a capacidade analítica são atributos necessários a um cientista, mas estão longe de ser suficientes para o trabalho criativo. Aqueles palpites na ciência que conduziram a grandes avanços tecnológicos não foram logicamente derivados de conhecimento preexistente: os processos criativos em que se baseia o progresso da ciência atuam no nível do subconsciente.